Vestida de chita

31 de outubro de 2005


Day and Night
Escher


Who, if I cried out, would hear me among the angels'hierarchies? and even if one of them suddenly pressed me against his heart, I would perish in the embrace of his stronger existence. For beauty is nothing but the beginning of terror which we are barely able to endure and are awed because it serenely disdains to annihilate us.Each single angel is terrifying.
Rainer M. Rilke

29 de outubro de 2005


Criado pelo canadense Hal Foster em 1937, Prince Valiant que se envolve nas mais diferentes odisseias na Europa do século V.
Foster misturava as épocas obter um melhor resultado estético.
Apesar de o Prince Valiant viver em pleno século V, as armaduras dos personagens são do século XI.
A maioria dos castelos, onde quer que os personagens estejam, segue o estilo da Normandia.

Perfeccionista , mostrava constantemente pessoas sem dentes e mutiladas, consequência da falta de recursos sanitários e de saúde da época.

A história publicada entre 1939/1940, em que Prince Valiant derrota Átila, o huno, enfureceu o ditador Adolf Hitler, fã declarado do bárbaro.
Hitler ordenou que as histórias de Valiant fossem banidas de cada novo território conquistado na Europa.

28 de outubro de 2005

A profunda harmonia entre ela e o mundo - uma harmonia difícil, instável, porque ela insistia sempre em viver com rigor, com uma atenção que não afrouxava nunca, mesmo quando dormia - o rigor, por exemplo, com que domava ou desmanchava os sonhos, obrigando-se a lembrá-los, obrigando-os a saltar por dentro de arcos incendiados, as flores imaginadas formando finalmente um ramo, as flores de sombra, de sol, de areia, domar o vento, aprender a cavalgar o vento, pôr um risco de azul a contornar o mar, a dura acrobacia do seu corpo, ao mesmo tempo solto e geométrico, os difíceis exercícios interiores, os saltos mortais de olhos vendados sobre um fio de arame estendido entre o possível e o impossível.
Teolinda Gersão

27 de outubro de 2005


Um homem, suponhamos, gosta de morangos e um outro não gosta; em que é que o último é superior ao primeiro? Não há nenhuma prova impessoal e abstracta de que os morangos sejam bons ou maus. Para quem gosta são bons, para quem não gosta são maus. Mas o homem que gosta tem um prazer que o outro não conhece; sobre este ponto, a sua vida é mais agradável e está melhor adaptado ao mundo onde ambos têm de viver.
Bertrand Russell

26 de outubro de 2005


O passado é um labirinto e estamos nele, um passado não tem cronologia senão para os outros, os que lhe são estranhos. Mas o nosso passado somos nós integrados nele ou ele em nós. Não há nele antes e depois, mas o mais perto e o mais longe. E o mais perto e o mais longe não se lê no calendário, mas dentro de nós.
Vergílio Ferreira


As letras dormiam na noite inclinada, e eram silveiras bravas.
Por elas escorregava o sono inclinado: mercúrio,salsa leve.
Herberto Helder

25 de outubro de 2005


She had to wash the cups every morning, and polish up the old-fashioned spoons, the fat silver teapot, and the glasses till they shone. Then she must dust the room, and what a trying job that was. Not a speck escaped Aunt March's eye, and all the furniture had claw legs and much carving, which was never dusted to suit. Then Polly had to be fed, the lap dog combed, and a dozen trips upstairs and down to get things or deliver orders, for the old lady was very lame and seldom left her big chair. After these tiresome labors, she must do her lessons, which was a daily trial of every virtue she possessed. Then she was allowed one hour for exercise or play, and didn't she enjoy it?
The Little Women - Louisa May Alcott

23 de outubro de 2005


No fundo de cada pessoa há um enigma impenetrável. O negro da pupila não é mais do que essa noite sem estrelas - o negro no fundo dos olhos não é mais do que as trevas do próprio universo. Só como enigma o ser humano assume toda a sua grandeza e transparência.
Lars Gustafsson

22 de outubro de 2005


Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana.
Marguerite Yourcenar

A Mão Posta Sobre a Mesa

A mão posta sobre a mesa, A mão abstracta, esquecida,
Imagem da minha vida... A mão que pus sobre a mesa
Para mim mesmo é surpresa. Porque a mão é o que temos
Ou define quem não somos. Com ela aquilo que fazemos [...]
(Fernando Pessoa)

Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?
Raul Brandão, in 'Húmus'