Vestida de chita

29 de abril de 2008

Joe Cocker: Woodstock '69 With a Little help from my friends

Simon and Garfunkel - The Boxer

28 de abril de 2008

SENTENÇAS DELIRANTES DUM POETA PARA SI PRÓPRIO

EM TEMPO DE CABEÇAS PENSANTES


1
Não te ataques com os atacadores dos outros.

Deixa a cada sapato a sua marcha e a sua direcção.
O mesmo deves fazer com os açaimos.

E com os botões.

2
Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.

3
Tira as rodas ao peixe congelado,
mas sempre na tua mão.

Depois, faz um berreiro.
Quando tiveres bastante gente à tua volta,
descongela a posta e oferece um bocado a cada um.

4
Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre
um caixote com serradura à tua espera.
Pode haver. Se houver, melhor...

Esta deve ser a tua filosofia.

5
Tudo tem os seus trâmites, meu filho!
Não faças brincos de cerejas
sem te darem, primeiro, as orelhas.

Era bom que esta fosse, de facto, a tua filosofia.

6
Perguntas-me o que deves fazer com a pedra que
te puseram em cima da cabeça?
Não penses no que fazer com. Cuida no que fazer da.

É provável que te sintas logo muito melhor.

Sai, então, de baixo da pedra.

7
Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.
Poderias atrapalhar os trabalhos.
Os de pedra sobre pedra, entenda-se.

Mas dá sempre um «Bom dia!» ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.

8
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!

9
Tens um glorioso passado futurível,
mas não fiques de colher suspensa,
que a sopa arrefece.

10
Se tiveres de arranjar um nome para uma personagem
de tua criação, nunca escolhas o de Fradique Mendes.
A criação literária não frequenta o guarda-roupa,
muito menos quando a roupa tem gente dentro.

11
Resume todas estas sentenças delirantes numa única
sentença:
Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa.


(ALEXANDRE O'NEILL)

27 de abril de 2008

Age of Aquarius

26 de abril de 2008

First of May (Melody) Bee Gees

Portugal, Lisboa. Revolução de 25 de Abril de 1974

"Numa disciplina constante procuro a lei da
liberdade medindo o equilíbrio dos meus passos.
Mas as coisas têm máscaras e véus com que
me enganam, e, quando em um momento espantada
me esqueço, a força perversa das coisas
ata-me os braços e atira-me, prisioneira de
ninguém mas só de laços, para o vazio horror
das voltas do caminho."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Sabedoria...

- Mestre, como faço para me tornar um sábio?

- Boas escolhas .

- Mas como fazer boas escolhas?

- Experiência - diz o mestre.

- E como adquirir experiência, mestre?

- Más escolhas.

23 de abril de 2008

Soft Cell - Tainted Love

Blondie - Heart of Glass

20 de abril de 2008

Poema da minha esperança

Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
que tem sempre tempo a mais,
não se rala nem se apressa.

O meu sorriso de troça,
Amigos!,
quando vejo o meu relógio
com três quartos de hora a mais!...

Tic-tac... Tic-tac...
(Lá pensa ele
que é já o fim dos meus dias.)

Tic-tac...
(Como eu rio, cá p'ra dentro,
de esta coisa divertida:
ele a julgar que é já o resto
e eu a saber que tenho sempre mais
três quartos de hora de vida.)

(Sebastião da Gama)

TIMIDEZ

O bicho-de-conta
Faz de conta, faz
Que é cabeça tonta

Mas lá bem no fundo
Não é mau rapaz.

Se a gente lhe toca,
Logo se disfarça:
Veste-se de bola.

Por mais que se faça
Não se desenrola.

Lá dentro escondendo
Patinhas e rosto
É todo um segredo:

Se eu fosse menino
Comigo brincava
Sem medo sem medo.

(Maria Alberta Menéres)

17 de abril de 2008

Mariza

14 de abril de 2008

Tina Turner - Simply The Best (Divas Live 1999)

Love of my life - Queen -(live '82)

Freddie Mercury - Love Kills

Freddy Mercury - Living On My Own

13 de abril de 2008

Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

(António Gedeão)



P'ra mentira ser segura

e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

(António Aleixo)

...Lá diz a Escritura daquela famosa árvore, em que era significado o grande Nabucodonosor , que todas as aves do céu descansavam sobre os seus ramos e todos os animais da terra se recolhiam à sua sombra, e uns e outros se sustentavam de seus frutos: mas também diz que, tanto que foi cortada esta árvore, as aves voaram e os outros animais fugiram. Chegai-vos embora aos grandes; mas não de tal maneira pegados, que vos mateis por eles, nem morrais com eles.

Considerai, pegadores vivos, como morreram os outros que se pegaram àquele peixe grande, e porquê. O tubarão morreu porque comeu, e eles morreram pelo que não comeram. Pode haver maior ignorância que morrer pela fome e boca alheia? Que morra o tubarão porque comeu, matou-o a sua gula; mas que morra o pegador pelo que não comeu, é a maior desgraça que se pode imaginar!...

(Sermão de S. António aos Peixes)

12 de abril de 2008

Tears Dry on Their Own - Amy Winehouse (new clip)

Nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-lo
num falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade.

(Theodore Adorno)

Um dia acordas e esfregas os olhos: já não sabes porque acordaste. O que o dia te traz, conheces tu com exactidão: a Primavera ou o Inverno, os cenários habituais, o tempo, a ordem da vida. Não pode acontecer nada de inesperado: não te surpreeende nem o imprevisto, nem o invulgar ou o horrível, porque conheces todas as probabilidades, tens tudo calculado, já não esperas nada, nem o bem, nem o mal... e isso é precisamente a velhice.

(Sándor Márai)

11 de abril de 2008

1971 film Melody - Melody Fair (The Bee Gees)

10 de abril de 2008

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
e na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
(Ary dos Santos)

Vira-Mundo

Sou viramundo virado

Nas rondas da maravilha

Cortando a faca e facão

Os desatinos da vida

Gritando para assustar

A coragem da inimiga

Pulando pra não ser preso

Pelas cadeias da intriga

Prefiro ter toda a vida

A vida como inimiga

A ter na morte da vida

Minha sorte decidida

Sou viramundo virado

Pelo mundo do sertão

Mas inda viro este mundo

Em festa, trabalho e pão

Virado será o mundo

E viramundo verão

O virador deste mundo

Astuto, mau e ladrão

Ser virado pelo mundo

Que virou com certidão

Ainda viro este mundo

Em festa, trabalho e pão.

(Capinan / Gilberto Gil)

(Da Vinci - desenho)

Amistades Peligrosas 'ME HACES TANTO BIEN'

Uma mesa cheia de feijões.
O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão.
O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo.
Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas.
O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO.
O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA.
É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização.
A civilização é um fenómeno colectivo.
A cultura é um fenómeno individual.
Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura.
(Almada Negreiros)

9 de abril de 2008

Todo o conhecimento supõe ao mesmo tempo separação e comunicação. Assim, as possibilidades e os limites do conhecimento relevam do mesmo princípio: o que permite o nosso conhecimento limita o nosso conhecimento, e o que limita o nosso conhecimento permite o nosso conhecimento.
(Edgar Morin)

8 de abril de 2008

The3tenors-Carreras-Domingo-Pavarotti--Nessun Dorma

La Union - Lobo Hombre en Paris (vivo Auditorio Nacional)

'Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura'
(Alberto Caeiro)